01/11/2005 18:39:08
Vivenciar fatos, todos vivenciam. Evoca-los, porém, não depende, só, de boa memória, mas de grande acuidade intelectual para descreve-los em minúcias. LEIR MORAES consegue fazê-lo.
PÉ-DE-MOLEQUE é um álbum, onde cada folha fotografa a infância e a adolescência daquelas crianças que viveram na metade do século XX, quando Rio Bonito, sem energia elétrica e sem televisão, ainda se deliciava de paz interiorana, das alegrias das festas de rua e dos clubes, das serestas, da curiosidade e participação social na chegada dos trens, do cafezinho do Bar do Longo, da Gruta Tupy sem portas, do Ginásio de Rio Bonito com seu internato, dos moleques que vendiam doces e frutas na praça da estação e que por trabalharem para ajudar as famílias, cresceram responsáveis e se encaminharam para atividades socialmente positivas, como aconteceu com Beto Pé-de-Moleque.
LEIR MORAES é um excelente memorialista: a cada página do livro, eu me sentia inserido na paisagem, revivendo os momentos do passado riobonitense, com seus espaços e as numerosas figuras humanas que o marcaram.
Atrevo-me a retirar de PÉ-DE-MOLEQUE uma tese: a de que a rua, que é um problema, pode, também, ser solução. Assim como os venenos que matam e que, também, curam. Tudo depende da dosagem e de como se pode fazer da adversidade uma alavanca de construção e crescimento. Uma coisa, porém, é certa: o trabalho é de fato, uma escola de afirmação e dignidade.
MAURÍCIO HANNA BADR
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