Rio Bonito é assunto em outras mídias da região

Flávio Azevedo

Enquanto os simpatizantes da administração municipal de Rio Bonito garantem que a proposta da GAZETA é perseguir o atual governo, uma série de reportagens veiculadas pelo jornal O São Gonçalo, nas últimas semanas, mostram que a fraca administração do prefeito José Luiz Antunes (DEM) é tão real, que está atraindo a atenção de outras mídias. Uma análise dos fatos pautados pelo jornal O São Gonçalo permite duas conclusões: A primeira é que a ineficiência do poder Executivo riobonitense ultrapassou as fronteiras do município. E, a segunda é que a GAZETA não noticia nada por represália ou perseguição, mas por compromisso social.

Em poucos dias, o jornal O São Gonçalo abordou temas já conhecidos pelos riobonitenses e trouxe a tona assuntos que ainda não haviam sido abordados pela imprensa local. Na última sexta-feira (5), por exemplo, o jornal que é homônimo a sua cidade sede, noticiou o fechamento do Colégio Municipal de Ensino Médio Dr. Márcio Duílio Pinto, que teria sido eleito através do Enem 2009, a melhor escola pública da região.

Segundo o veículo, apesar da unidade oferecer cursos técnicos em informática, enfermagem, formação geral e magistério, para cerca de 500 alunos de Rio Bonito e região, a Secretaria de Educação e Cultura (Semec) decidiu pelo seu fechamento. De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), os alunos terão que disputar vagas nas escolas estaduais, que já vivem um quadro de superlotação. Para o Sepe, os professores concursados do Ciep também terão prejuízos, porque serão cedidos ao estado ou alocados em cargos internos na Semec.

O diretor do núcleo regional do Sepe, Gilson Leite, afirma que “Rio Bonito e região têm uma carência considerável de profissionais de educação para o ensino médio, com o fechamento das turmas, esses professores sairão de sala de aula para ocupar cargos burocráticos, que contribuirão em nada para educação”. Gilson destacou também, que essa decisão pode contribuir para o aumento do índice de evasão escolar.

Desabrigados
Ainda na sexta-feira, um tema que é abordado regularmente pela mídia local, também foi pautado pelo jornal O São Gonçalo: a verba de R$ 1 milhão, que foi doada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), para auxiliar de maneira emergencial as vítimas das chuvas do último verão. Isso aconteceu no dia 5 de fevereiro de 2009, mas “enquanto o recurso faz aniversário no caixa da Prefeitura, as vítimas das chuvas de novembro de 2008 continuam desabrigadas. A doação deveria ser aplicada na construção de 24 casas populares, mas até agora nada”, diz o jornal.

Segundo O São Gonçalo, o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB), presidente da comissão de fiscalização da Alerj, disse que quando visitou a cidade, no último mês de dezembro, a licitação já havia sido realizada e a promessa do prefeito José Luiz Antunes era de que as construções começariam em janeiro. Contudo, no dia 4 de janeiro, na entrevista que concedeu a GAZETA (edição 340), o prefeito afirmou que a licitação ainda não havia acontecido, porque a Comissão de Licitação encontrou pendências documentais nas firmas que disputariam o processo.

Procurada pela reportagem do São Gonçalo, a dona de casa Zilda Rodrigues, uma das vítimas do deslizamento de terra que aconteceu no bairro das Olarias, em novembro de 2008, disse que “além de perder nossa filha soterrada, perdemos nossa casa e começamos a pagar aluguel. Nem essa ajuda a prefeitura ofereceu. Cadastraram a gente para receber uma casa, e até agora nada. Meu marido gasta quase metade do salário para morarmos aqui”.
“Culpa é da Câmara”

Questionada pela reportagem do jornal O São Gonçalo, a Prefeitura de Rio Bonito mostrou que o hábito de culpar os outros pela sua ineficiência administrativa continua. A reportagem foi informada que a Prefeitura estava aguardando a aprovação do orçamento de 2010 para liberar a verba. A reportagem também ouviu o presidente do Legislativo, vereador Fernando Soares (PMN). De acordo com ele, o recurso já foi liberado no orçamento de 2009, mas a Prefeitura ainda não esclareceu o motivo do atraso. Essa declaração não causou surpresa, porque à época, várias matérias divulgaram a doação do recurso e a inclusão do dinheiro no orçamento de 2009, pelos vereadores.

Biblioteca
Já a transferência do prédio onde funcionava a Biblioteca Municipal Celso Peçanha, no Centro, foi assunto no dia três de fevereiro. O jornal lembrou que o prefeito José Luiz Antunes foi denunciado ao Ministério Público por querer doar o prédio para a Receita Federal. O veículo trouxe a fala do vereador Carlos Cordeiro Neto, o Caneco (PR), autor da ação. “Comuniquei o caso ao MP em novembro do ano passado, porque o prefeito havia solicitado o espaço à Câmara (Caneco era o presidente da Casa, à época) para a construção de uma biblioteca. Ele reformou todo o prédio, se aproveitou da fachada para se promover e depois ofereceu o imóvel para o órgão mais rico do país”, denunciou o parlamentar. Segundo O São Gonçalo, a Prefeitura não se pronunciou sobre o fato.
Hospital Darcy Vargas

No dia 2 de fevereiro, o jornal noticiou que Prefeito vetou melhorias para o Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV). Os parlamentares teriam ficado insatisfeitos com os vetos do Executivo às emendas a Lei Orçamentária Anual de 2010, que previa melhorias importantes para a saúde, infra-estrutura e esporte. “Dentre as propostas consideradas inconstitucionais pelo prefeito estão emendas para a conclusão do CTI do Hospital Regional Darcy Vargas (R$ 150 mil), creches, entidades esportivas, além de obras de pavimentação e saneamento”, divulgou o veículo.
Computadores parados

“A Prefeitura de Rio Bonito tem dado exemplo de descaso com a educação e com os bens públicos”. Esse foi o início da matéria publicada no dia 1º de fevereiro, que noticiou um assunto que não havia sido abordado pela mídia local. “Enquanto alunos da rede municipal de ensino permanecem sem aulas de informática, 80 microcomputadores novos, distribuídos em 24 laboratórios da área rural e urbana, estão abandonados. As máquinas foram doadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em setembro do ano passado, mas permanecem em desuso”.

O jornal O São Gonçalo trás novamente uma fala do vereador Caneco. O parlamentar afirma que “esse governo já deu várias provas que não se importa com a educação. Primeiro as contas do prefeito foram rejeitadas porque ele não aplicou o mínimo estabelecido por lei no setor. Não bastasse isso, a Prefeitura queria doar o prédio da principal biblioteca da cidade para a Receita Federal. E, agora, mostra desrespeito com recursos federais”.

A secretária municipal de Educação, Ana Maria Alves de Figueiredo, informou que, na ocasião em que o Governo Federal entregou as máquinas, o município não possuía profissionais para atuar nos laboratórios. De acordo com ela, a Secretaria abriu processo seletivo simplificado no início de janeiro. A lista dos classificados foi publicada no último dia 30. A secretária informou ainda, que os laboratórios estão fechados devido ao recesso escolar, que serão reabertos no início do ano letivo.

Apesar disso, a reportagem da GAZETA encontrou vários professores de informática, que revelaram terem sido demitidos logo depois das eleições municipais. Um desses professores, que pediu para não ser identificado, afirmou que não havia nenhuma necessidade de acabar com os cursos. Para ele os principais prejudicados foram os alunos, que ainda estão sem as aulas de informática.